Inevitável - Capitulo 69

Sophia tinha acabado de subir e eu estava sentado na sala roendo as unhas com a demora. Na verdade não estava demorando, mas ficar longe dela por um minuto parecia 10. Eu olhava para o teto, para a televisão, para o piso e mesmo assim não sabia o que fazer. tirei meu celular do bolso e fui jogar uma partidinha de Clash Royale, é bom pra passar o tempo.



- Ora... Ora... - Ouvi aquela voz tão conhecida, mas que não era da minha Sophia. - Temos visitas e ninguém me chamou?
- Deve ser porque ninguém te suporta! - Respondi sem me dar o trabalho de levantar o olhar, continuei focado no meu jogo.
- Ai, essa doeu. - Eu podia sentir o cinismo em sua voz, e não gostava nada disso.
- Luiza, me deixa em paz.
- Cadê meu filho? - Perguntou como se em algum momento se importasse.
- Até parece que você liga. - Rolei os olhos e ela se aproximou de mim.
- Claro que eu ligo, é meu filho Micael! - Falou como se realmente fosse verdade, isso me fez bloquear meu telefone e encara-la.
- Você não ligava quando foi embora quando ele tinha só oito meses. - Falei frio e a vi estremecer.
- Você sabe que eu não fui embora, já te contei o que aconteceu.
- Será Luiza? - Continuava olhando em seus olhos, mas não conseguia decifrar.
- Eu estava com raiva. Disse que tinha largado você pra ficar com outro, mas logico que era mentira. Eu amava você. Amava nossa familia. - Eu bufei e rolei os olhos.
- Dá um tempo, Luiza. Você já confessou, pra que continuar mentindo?
- Eu estava com raiva quando disse aquelas coisas. - Desviou o olhar e eu fui me irritando ainda mais. - Só queria te machucar, assim como você estava me machucando ao escolher a minha irmã na minha frente, nós estávamos namorando. - E então eu ri, gargalhei pra ser mais especifico.
- Não estávamos namorando, eu estava comendo você, mas pelo fato de você ter me manipulado como se eu fosse um... Ah, sei lá. - Joguei as mãos para o alto, indignado.
- Não queria você com ela. Pelo menos você tem que acreditar que é mentira. - Suplicou e eu vi lagrimas fingidas em seu olhar.
- Não acredito nada, você jogou na minha cara que o Felipe, a unica coisa que sobrou da nossa relação que eu acreditava ser perfeita, não é meu filho. Você não teve pena ao fazer isso. Você não presta.
- Ele é seu filho, eu já disse que estava com raiva. - Deixou então aquelas lagrimas escaparem, o que me irritou ao máximo, então eu gritei.
- EU TAMBÉM ESTAVA COM RAIVA E NEM POR ISSO EU DISSE QUE SEMPRE TIVE OUTRA! - Parei um instante pra tentar regular a minha respiração e então apareceram Branca e Sophia, com cara de assustadas. - Você é uma vagabunda.
- Micael, você está dentro da minha casa e não admito que fale assim com a minha filha. - Branca falou mas nós dois ignoramos e continuamos a discutir.
- Não sou nada disso, você me conhece muito bem, sempre me conheceu. Você foi meu primeiro namorado, você tirou minha virgindade, Micael. Não é possível que esqueceu de tudo que vivemos. Não tô aqui pra voltar, só quero que nos demos bem, principalmente por causa de Felipe.
- Isso não vai acontecer, principalmente porque eu não quero olhar na sua cara.
- Para de ser turrão. Nós temos um filho e eu não vou ser afastada dele de novo. - Disse como se realmente se importasse, a vontade de dar um soco nela estava forte.
- Para de falar como se gostasse dele, você usa o menino pra ficar perto de mim, Luiza. Todo mundo percebe. - Sorri debochado e ela respirou fundo.
- PARE DE ACHAR QUE VOCÊ É O CENTRO DO MUNDO! - Ela gritou pra mim e eu a encarei. - FELIPE É MEU FILHO TAMBÉM E EU O AMO.

Meu sangue ferveu tanto que eu avancei pra cima dela e segurei com força em seu pescoço. Ela me olhava assustada e eu senti movimentação atrás de mim. Alguém tentando puxar meu braço, mas eu empurrei a pessoa ainda sem olhar pra trás, eu estava ficando satisfeita ao vê-la ficar sem ar. Então olhei Branca desesperada tentando soltar a filha, então se ela estava ali... Olhei pra trás e vi Sophia sentada no chão, encolhida. Larguei Luiza na hora que foi acudida pela mãe enquanto eu me abaixava ao lado de Sophia.

- Amor, me desculpa. - Falei apressado. - Eu juro que não quis machucar você, como você está? -

Mas ela não me respondeu, apenas ficou olhando no fundo dos meus olhos com uma expressão assustada, o que cortou meu coração. Não queria fazer nada disso, queria só vir buscar a Sophia e comemorar sua volta pra casa, mas ficar perto da Luiza me tira do sério, o tamanho do seu cinismo e falsidade me deixa com ódio.

- Sophia, você precisa falar comigo, preciso saber se te machuquei. - Disse desesperado e então ela negou com a cabeça e me abraçou.

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