Inevitável - Capitulo 117

- Oi. - Disse tímida enquanto entrava no quarto.
- Oi. - Respondeu seco encarando o celular.
- Está bem? - Eu realmente não sabia o que dizer. Era mais fácil esperar que ele gritasse comigo do que isso.

- Estou ótimo. - Suspirei e fui me sentar ao seu lado. - Por que não estaria?
- Olha, amor... - Tentei começar, mas ele não me dava a minima atenção. - Será que da pra largar essa porcaria por um segundo?
- Não quero conversar com você Sophia. - Aquelas palavras doeram, mas eu merecia depois do que tinha falado, ainda mais na frente dos outros.
- Mica, por favor. - Ele bloqueou a tela com um suspiro e virou-se pra me encarar.
- O que você quer? - Seu tom foi tão rude que eu até me assustei de leve. Ainda não sabia o que dizer.
- Pedir desculpas... - Comecei, mas me interrompi quando ele riu. - O que foi?
- Você acha que eu quero suas desculpas?
- Micael, nós somos casados. Eu vacilei, mas tô aqui tentando me redimir. - A expressão em seu rosto era tão séria e enigmática.
- Não somos casados. - Arregalei meus olhos. - Nós moramos juntos. - Desbloqueou novamente a tela do celular e voltou a mexer. Whatsapp maldito.
- Nós somos casados sim. Deixa de ser criança. - Disse grossa e ele novamente me encarou.
- Agora eu sou criança? - Ergueu uma sobrancelha. - Sophia, você vacilou e eu estou chateado. Estou no meu direito. Você não pode simplesmente achar que vai apagar tudo com um pedido de desculpas. - Eu o encarei perplexa, nunca o vi falar comigo assim. Tá certo que eu pisei exatamente em sua ferida, mas sei lá...
- Isso quer dizer que você vai ficar assim? - Perguntei insegura e ele apenas assentiu. - Tudo isso começou com essa droga de celular. Você começou com isso e eu acabei falando besteira.
- Meu celular não tem absolutamente nada demais. - Deu de ombros.
- Então o que tanto você esconde? - Me levantei e cruzei os braços, aguardando sua resposta.
- Você deveria saber que eu nunca trairia você. - Eu me sentei de novo. - Tem duas coisas aqui no meu celular que eu não queria falar. Primeira: Depois de todas essas revelações da Luiza, dessa historia do Lucas, de estar na angustia pra saber se ia ou não perder o Felipe... Eu estava sobrecarregado. Agora ainda mais quando tenho que entrar em casa e encontrar vocês se divertindo como se eu não fizesse a menor falta.
- Micael, foi pelo Felipe. - Comecei, mas ele ergueu a mão pra me calar.
- Não me importa. Eu apenas não gostei do que vi. Não me alegra saber que você se diverte com ele por perto, enquanto eu me irrito cada vez mais. - Fiquei muda, não tinha defesa, eu deveria estar do lado dele e não dizendo bobagens para magoa-lo. - Comecei com uma psicologa.
- O quê? - Minha voz saiu fina. - Por que não me disse?
- Não quis te perturbar com isso. Eu só precisava conversar com alguém que estivesse de fora de toda essa situação. Ainda mais agora que você e Luiza são "amigas". - Fez um sinal de aspas com os dedos.
- Você sabe que sempre vou estar aqui pra você! - Tentei colocar a mão em seu rosto mas ele tirou.
- Não, eu não posso sequer ficar chateado com essa historia da Luiza ter feito tudo o que fez que você já acha que é besteira. Sophia, ela é sua irmã. Não te julgo, mas eu precisava conversar com alguém. Então encontrei a doutora Cristiane, e nós viramos amigos.
- Amigos? - Ergui a sobrancelha pra ele. - Você e uma fêmea?
- Fêmea? - Ele riu. - É uma psicologa.
- É uma mulher, Micael. - Quase gritei. - Você disse pra mim agora pouco que não eramos casados, agora me diz que tem conversado com outra mulher. - Estava histérica.
- Do jeito que você fala parece que tenho conversado putaria com outra mulher.
- Não sei, me diga você. - Ele rolou os olhos e eu como sempre já estava com raiva.
- Pelo amor de Deus, Sophia. - Olhou em meus olhos. - O que converso com ela é extremamente profissional.
- Ela não seria sua amiga se fosse apenas profissional. Desde quando?
- Desde quando o quê? - Eu bufei.
- Desde quando você decidiu que precisava da ajuda de outra mulher a não ser a sua?
- Desde que o Lucas jogou na minha cara que Felipe era filho dele. - Abaixou a cabeça.
- Isso tem dois meses... Você podia ter me contado. - Meu tom agora era bem mais suave.
- Podia, mas não quis. Eu tenho essa escolha. Não fiz nada de errado.
- Você fez a gente ficar brigando. - Ele sorriu de canto.
- Você brigou comigo, mas porque não confia em mim. - Voltou a olhar o celular.
- Você disse que eram duas coisas. - Ele suspirou.
- Sim. Eram. - Olhou pro teto. - Criei um grupo com nossos amigos no whatsapp, só os mais próximos... Estava organizando nossa festa de casamento pra coincidir com seu aniversario... - Ele falou baixo e eu fiquei super sem graça.
- Como estava organizando nosso casamento sem eu saber? Eu sou a noiva. - Ele me olhou.
- Não se preocupe, já cancelei. - Eu arregalei os olhos.
- Como assim? Por causa de um briguinha? - Ele se levantou e me encarou.
- Pode ter sido uma briguinha pra você, mas eu realmente estou chateado. - Saiu do quarto e me deixou ali sozinha, pra me sentir ainda mais culpada do que antes.

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