Inevitável - Capítulo 149

No dia seguinte eu acordei e Micael já não estava na cama. Sorri me lembrando da noite anterior com minhas meninas e então eu lembrei do que Felipe estaria passando e meu sorriso se fechou automaticamente. Procurei meu celular pra ver a hora e constatei que já era quase onze da manhã.

Fui pro banheiro correndo, já era quase hora de botar as meninas na van. Desci e elas estavam comendo biscoito.
- Bom dia, mamãe. – Maiara veio me abraçar. Mesmo que eu não tivesse sido sempre a mãe carinhosa que ela precisava que eu fosse, ela se tornou uma menina doce e carinhosa, graças a Micael.
- Bom dia, minha linda. – Fiz carinho em sua cabeça. – Vamos tomar banho pra ir pra escola.
- Ah, não. – Emily resmungou.
- Não foi uma pergunta, filha. Foi uma ordem. – Eu a encarei.
- Daqui a pouco eu vou. – Disse concentrada em mais um episodio da série que estávamos vendo ontem.
- Eu disse agora. – Disse firme, mas meu tom era baixo e calmo. – A van vai passar e vocês duas vão ter que ir de ônibus.
- Mas mãe... – Eu fui até a televisão e desliguei.
- Eu já pedi pra você parar de me responder Emily. Se eu disse agora, é agora. – Ela levantou e foi para seu quarto, ainda contrariada. – A senhorita vamos tomar banho lá no meu quarto. – Maiara assentiu e me estendeu a mão.
Não demorou muito até as duas estarem arrumadas e eu as colocar na van pra ir a escola. Eu entrei e mandei mensagem pra Micael.

“Noticias do Felipe?” – Não demorou até a resposta vir
“Sim, meu pai disse que o habeas corpus dele provavelmente sai ainda hoje” – Eu dei um pulo de alegria.
“Quero ir busca-lo junto com você.”
“Até parece que eu não sabia disso. Kkkk, quando eu for lá, te mando uma mensagem. Pode ser a qualquer momento.”
“Estarei esperando.”

Fiquei ansiosa o resto do dia e nada da mensagem de Micael chegar. Eu já tinha enviada outras a ele, perguntando e ele sempre respondia que não tinha noticias ainda. Quase quatro da tarde, quando eu já estava desistindo e achando que não seria hoje, chegou a mensagem de Micael me mandando encontrar com ele no escritório. Novamente eu pedi ajuda a Luiza, já que a van não trazia as meninas, apenas levava.
Ela disse que as pegaria sem problemas e que era pra eu mandar noticias. Peguei minha bolsa, celular e sai de casa, pedindo um Uber.
Não demorei a chegar e Micael estava na entrada me esperando junto com Jorge.
- Oi, Jorge. – Eu fui cumprimenta-lo antes de falar com Micael.
- Oi, nora. Tudo bem? – Perguntou formalmente enquanto beijava meu rosto.
- Vai ficar! – Ele sorriu. Então eu me virei e dei um selinho em Micael. – Vamos, lindo?
- Vamos. – Meu sogro sempre sorria quando nos ouvia chamar por esses apelidinhos, acho que ele e a mãe de Micael também eram assim.
Não demoramos a chegar na delegacia, ele ainda não tinha sido transferido, isso era muito bom, simplificava bastante as coisas. Jorge entrou pra falar com o delegado e ficou lá por uns minutos, eu já agoniada estava quase acabando com as minhas unhas. Micael me abraçava, mas nós não conversávamos. Até que Jorge saiu da sala com um guarda e assentiu pra mim.
- Eles vão busca-lo agora. – Eu respirei aliviada.
- Graças a Deus. – Eu falei e fiquei ali esperando em silencio mais uma vez.
Finalmente Felipe apareceu, ele estava com cara de confuso e ficou claramente surpreso ao nos ver ali. Já estava vestido com sua roupa e tinha seu skate na mão.
- Oi, amor. – Eu fui abraça-lo.
- Oi, tia. – Sua voz falhou. – Oi, vô. – Estendeu a mão pra falar com Jorge, mas o mesmo o puxou para um abraço.
- Como você está? – Jorge perguntou.
- Melhor do que há alguns momentos. – Ele riu e então encarou Micael. – Oi, Micael. – Micael tinha a cara fechada, apenas acenou com a cabeça e saiu em direção á porta.
- Micael, Felipe? É sério isso? – Falei um pouco irritada.
- Tia, eu e ele não estamos bem. – Ele deu de ombros.
- E nem vão ficar se continuar assim. – Jorge respondeu antes de mim.
- Vamos embora. – Segurei sua mão e fui para o estacionamento junto com Jorge e Felipe. Entramos no carro e o silencio foi insuportável. Felizmente Jorge tinha ido no carro dele, então podíamos ir direto pra casa. Felipe ao perceber que não estávamos indo pra casa de Lucas, ficou confuso.
- Não estão me levando pra casa do Lucas? – Quebrou o silencio, mas Micael não respondeu.
- Não, você está indo pra sua casa, que é de onde nem deveria ter saído. – Ele tentou reprimir um sorriso, mas sem muito sucesso. Eu fiquei feliz com isso.
Quando chegamos, Micael não ficou conosco na sala, subiu direto pro quarto.
- Acho que você deveria conversar com o seu pai.
- Tia, meu pai não quer ser meu pai. Ele deve estar rindo de mim por causa de tudo o que aconteceu.
- Você tá doido, só pode. – Eu rolei os olhos.

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