Amor Demais - Capítulo 85

Ficamos abraçados por tanto tempo que não sei se passaram minutos ou segundos. Quando  nós nos soltamos eu respirei fundo e ele me deu um beijo. Eu realmente não sabia o que fazer, mas não ia simplesmente deixar o Micael novamente, não agora que estávamos bem.

Ele se deitou na cama ao meu lado e ficou me fazendo cafuné, ficamos assim por bastante tempo, estava gostoso.
Eu simplesmente amava esse nosso relacionamento que não tinha discussões e gritos. Eu estava deitada em seu peito e não tinha nenhuma pretensão de levantar.
- Eu te amo, Sophia. – Ela disse num suspiro e eu sorri. – Me desculpa por te fazer passar por mais essa agora.
- Eu tenho culpa por ter ido, você tem culpa por ter casado com aquela mulher. – Disse o final com raiva.
- Eu queria qualquer pessoa que fosse diferente de você. – Ele deu de ombros e eu me sentei, assim o encarando.
- Acho que você não devia ter sido tão teimoso. – Bufei. – Queria ver se fosse eu a voltar com um filho de Nova Iorque, se você ia me aceitar.
- Não sei, sinceramente eu não sei. – Abaixou a cabeça triste. – Não sei se o meu amor passaria por cima disso também.
- Passaria sim... – Eu o olhei nos olhos. – Da mesma forma que se fosse me perguntasse isso eu ia responder que não, e agora na pratica estou fazendo de tudo pra deixar isso pra lá.
- É, eu acho que sim. Nosso amor sempre foi maior do que todas as nossas brigas e crises. – Me deu um beijo na testa. – Superamos a sua mãe, o que seria a Jéssica? – Ele falou e me fez rir.
- Ninguém né. – Disse ainda rindo. Ouvimos a campainha e eu rolei os olhos, mas nós levantamos juntos e saímos do quarto de mãos dadas. Os olhares de Jéssica e de Laura estavam concentrados em nossas mãos e eu sorri com aquilo.
As duas estavam brincando na sala com um quebra cabeça novo que o Micael tinha comprado e eu me sentei junto, ao lado da minha filha. Jéssica parecia estar sem graça a todo momento, ela não me encarava e nem falava comigo.
- Estou feliz que você não foi embora, mãe! – EU sorri e dei um beijinho na cabeça da minha menina.
- Não vou embora nunca mais meu amor. – Ela riu e continuou a montar o quebra cabeça.
- Sophia, será que a gente pode conversar depois? – Jéssica finalmente falou comigo, mas eu não a olhei, apenas assenti e ela se calou. Ouvimos a voz de Micael surpreso na porta e nós nos levantamos pra olhar.
- O que você veio fazer aqui na minha casa de novo? – Ele disse com um tom grosso que me assustou, até ouvir a voz da pessoa que estava na porta.
- Até onde eu sei minha filha mora aqui! – Era a minha mãe, minha mãe resolveu aparecer e eu não sabia como reagir. Por reflexo passei as mãos nos cabelos pra arrumar.
- Sua filha não quer falar com a senhora! – E ele ia batendo a porta na cara dela, mas eu me apressei e fui até lá. Senti que Laura curiosa vinha também, seguida por Jéssica.
- Oi, mãe. – Forcei a voz para que saísse. – O que quer aqui?
- Quero falar com você! – Disse com uma voz doce.
- Sabe que eu não moro aqui. – Disse levemente irritada. – Como soube que eu estava aqui?
- Falei com aquela sua amiga Lua e ela me contou que você estava aqui enfurnada na casa desse cara de novo. – Eu olhei pra ele e Micael rolou os olhos.
- Você não vai me ofender na minha casa, Branca. – A voz de Micael era tão forte que estava me assustando.
- Será que podemos conversar? – Ela me encarou ignorando o ultimo comentário de Micael.
- Não. – Se sentiu ofendida.
- Sophia, filha... – Começou, mas eu ergui a mão e ela se interrompeu.
- Não me chame de filha, Branca. – Minha voz era áspera. – Você me expulsou de casa aos dezesseis anos.
- Não te expulsei, pedi que você escolhesse. – Ela me respondeu no mesmo tom.
- Você pediu pra uma menina, de dezesseis anos, escolher entre o namorado e ter uma casa.
- Qualquer adolescente normal ia escolher ficar em casa.
- Não, qualquer adolescente imatura e apaixonada escolheria o namorado. – Eu praticamente gritei na cara dela. Pelo canto do olho eu vi Micael puxar a Laura e a Jéssica pra outro cômodo, nos deixando a sós.
- Sophia, eu não quero brigar com você. – Ela abaixou o tom, eu já sentia lagrimas em meu rosto.
- Eu não queria brigar quando bati na sua porta gravida e sozinha. – Eu falei entre lagrimas e seu rosto tomou uma expressão de culpa. – Eu tinha dezoito anos, não tinha a menor noção do que fazer e você simplesmente me mandou ir embora.
- Foi porque eu sabia que você ia voltar com esse cara outra vez. Eu avisei tanto a você pra se afastar dele Sophia... – Seu tom era triste, apesar de estar gritando.
- Só que eu sempre amei esse cara.
- Amou tanto que não pensou duas vezes antes de largar a sua família e ir pra Nova Iorque. – Ela debochou e eu consegui ficar com mais raiva ainda.
- Você não sabe de nada que aconteceu. – Meu tom agora era mais controlado.
- Eu sei, eu vim até aqui ver a minha neta e tinha outra mulher na sua casa Sophia. Mulher essa que está aqui hoje me conta como estão vivendo? Uma a cada dia ou cada uma fica com uma semana? – Eu me irritei tanto que cheguei a erguer a mão pra lhe dar um tapa, mas não dei. Nós ficamos nos encarando a raiva era transparente em minha expressão. – Olha, me desculpa por tudo. Eu sei que nunca fui a melhor mãe do mundo e que virei as costas pra você quando você mais precisou. – Ergui uma mão e sequei meu rosto, que insistia em ficar molhado.
- Por que você esperou tanto tempo pra falar isso? – Meu tom era mais calmo. Minha mãe estava chorando também.
- Porque seu pai... – Ela não aguentou e chorou mais, muito mais.
- Você não pode dizer que meu pai... – Aquelas palavras eram muito difíceis de pronunciar. -Morreu...

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