Amor Demais - Capitulo 89

- Quando você viajou eu fiquei muito feliz por você ter conseguido uma oportunidade dessas. Eu fiquei orgulhosa que não desistiu de ir por nenhum motivo e um pouco apreensiva por Laura.

- Não foi fácil deixar a Laura e o Micael... – Pensar naquilo já trazia as detestáveis lagrimas de volta.
- Eu imagino filha. – Colocou uma mão em meu ombro, eu não me afastei. – Mais de um ano depois que você já estava fora, Antônia me disse que o Micael estava namorando há um tempo e que tinha colocado outra mulher dentro da casa de vocês! Eu fiquei uma fera com esse ato. – Eu ri, imaginando as coisas agora de outro jeito. – Foi onde eu fui lá na sua casa tentar pegar a Laura.
- Você não ia conseguir isso nunca na vida. – Nós gargalhamos.
- Pelo menos eu tentei. – Ela deu de ombros. – Eu nunca perguntei a sua amiga onde era sua casa, na verdade eu sempre soube.
- Você podia ter feito as pazes comigo antes... – Eu a olhei ternamente.
- Assim como era difícil pra você, era difícil pra mim. Você saiu a minha copia menina! – Nós rimos novamente.
- Quando eu vim aqui gravida...
- Quando você veio aqui gravida, linda com aquela barriga imensa eu fiquei tentada a te aceitar de volta, mas eu não podia fazer isso!
- E por que não?
- Sophia, você estava gravida do Micael. – Bufou. – Você ia voltar com ele, obvio. – Nós rimos. – Se eu te aceitasse de volta, você ia sair novamente, ou talvez ficasse aqui isolada do mundo e fazendo drama pra se resolver.
- Vai dizer que não quis deixar eu ficar pra eu voltar com o Micael? Mãe, eu tinha visto ele beijando uma garota.
- Você tinha visto uma garota beijando ele. – Ela defendeu e eu rolei os olhos.
- Isso ai é a historia que ele contou pra todo mundo! – Bufei.
- Deve ser verdade, ele sempre foi tão apaixonado por você. – Eu ri com vontade dessa vez, ver minha mãe defendendo Micael era surreal. – Não me entenda errado, eu não gosto dele.
- Defende de zoeira né?
- Ele tirou sua virgindade com quinze anos, levava você pra festas escondidas, você saiu de casa com dezesseis, com dezoito engravidou. Eu não tenho motivo nenhum pra gostar dele. – Eu ri mais ainda.
- Na verdade, ele tirou minha virgindade com quatorze. – Eu gargalhei muito e ela fez cara de raiva.
- Sophia! – Me repreendeu. – Quatorze anos não era idade dessas coisas! E você mentiu pra mim.
- Ué, foi com quinze que você quis me levar ao ginecologista, eu não tinha necessidade de contar que já não era virgem há quase um ano.
- Agora eu gosto menos ainda. – Ela disse e eu reprimi um sorriso. Era bom ter a minha mãezinha de volta.
- Pode começar a gostar já. Ele é gente boa. – Dei de ombros e ela rolou os olhos.
- Eu te amo tanto minha menina! – Ela abriu os braços pra me abraçar, por um momento eu hesitei, mas logo eu a abracei. Esperei tanto tempo por aquilo.
Ficamos naquele abraço por nem sei quanto tempo, mas nos separamos quando ouvimos a sirene da ambulância que tinha chegado. Nós entramos e ela foi receber os paramédicos e que a seguiram até o quarto do meu pai.
- Soph, come. – Micael chamou a minha atenção para o prato com um sanduiche e um copo de suco que tinha em cima da mesinha de centro.
- Não tenho fome amor.
- Eu imagino que não, mas acho que você tem que se alimentar. – Olhou novamente para o prato. – Eu já comi e a Laura também. Você deveria comer se quer ir acompanhar seu pai até o hospital. – Eu suspirei me dando por vencida e me sentei ao seu lado pra comer. Ele ficou fazendo carinho em minha cabeça.
- Me entendi com a minha mãe. – Disse entre uma mordida e outra.
- Eu sei, ouvi vocês rindo. – Ele disse sem graça. – Fico feliz por você.
- Micael, ela sempre deu dinheiro pra sua mãe, ela sempre nos ajudou. – Ele fez uma careta.
- Sério? – Eu assenti. – Foi ela que disse a sua mãe, pra você não largar o estagio e a faculdade quando eu engravidei da Laura.
- Meu Deus, faz até sentido, meus pais não tinham condições pra sustentar mais um bebê assim.
- E a gente nunca parou pra pensar nisso. – Sorri. – Fiquei feliz.
- Que bom que está, é só o que importa mesmo. – Foi a vez de ele sorrir.
- Ela até te defendeu sabia? – Me olhou surpreso. – Ela disse que você sempre foi muito apaixonado por mim então que devia ser mesmo aquela vagabunda que te agarrou.
- É claro que foi! – Arregalou os olhos. – Já te disse que a Sandy era da minha turma de direito constitucional e eu tinha um trabalho em dupla pra fazer. A mina me agarrou do nada.
- Tá filho, nem estou revivendo o passado. – Dei de ombros. – Só disse que ela te defendeu. Ai ela deixou claro que não gostava de você porque você tirou minha virgindade com quinze anos. – Gargalhei. – Agora ela gosta menos ainda quando eu contei que foi com quatorze.
- Tu podia ter deixado isso guardado pra gente né. – Ele riu também.
- Ué amor, ela sempre te odiou pelo motivo errado! – Dei um beijo em sua boca.
- Menos né casal. – Laura fez barulho de nojo e nós nos separamos entre risadas. Ela já estava olhando pra televisão de novo.
Não demorou muito para que os paramédicos tivessem colocado meu pai na ambulância. Pelo menos deu tempo de eu terminar de comer. Minha mãe foi na ambulância com ele e eu fui no carro com Micael. Eu estava sentindo que Laura já estava ficando entediada com aquilo, mas não podia leva-la pra casa ainda.
Já no hospital nós ficamos sentados na sala de espera, meu pai foi encaminhado para muitos exames e nós não tínhamos muito o que fazer. Quando finalmente tomei coragem pra perguntar onde era o câncer do meu pai, minha mãe disse que era no pulmão. Maldito cigarro.
Já era noite, meu celular já estava descarregado e as unhas nem existiam mais. Minha filha dormia com a cabeça no colo do pai e eu a olhei ternamente.
- Você devia levar ela pra casa. – Eu sussurrei a Micael que arregalou os olhos pra mim.
- Não vou deixar você aqui sozinha! – Rolou os olhos como se fosse a coisa mais obvia.
- Minha mãe está aqui! – Dei de ombros. – Nossa filha está cansada e você também. Além do que tem que trabalhar amanhã.
- Que eu saiba você também tem uma campanha pra fazer!
- Não é amanhã. – Suspirei. – Vai ficar tudo bem aqui!
- Tá bom, Soph. Então faz o seguinte, fica com meu celular que tem um pouco de bateria e me da o seu pra eu levar pra casa. – Eu assenti.
- Tudo bem, ai qualquer coisa eu te aviso. Mas descansa, amanhã a gente se vê. – Ele me olhou ainda relutante, mas pegou nossa filha adormecida nos braços e saiu. Minha mãe sentou mais perto.
- Você também devia ir descansar. – Ela sorriu, estava exausta.
- Mãe, eu não vou sair daqui. – Ela me abraçou novamente. Parecia que agora que eu tinha a abraçado uma vez, ela não se cansava de fazer isso.

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