Amor Demais - Capítulo 90

Mais de uma hora depois foi quando um médico finalmente apareceu pra nos dar noticias. Eu tinha pagado caríssimo pra que todos os resultados ficassem prontos o quanto antes. E por isso demorou, ele veio com todos os resultados de uma vez.

- Senhora Abrahão? – O médico de meia idade com uma prancheta cheia de papeis olhava para os lados a procura da pessoa que tinha chamado.

- Sou eu! – Minha mãe se levantou e foi pra perto, eu a segui.

- Boa tarde, eu sou doutor Marcelo. – Ele sorriu simpático e estendeu uma mão, que minha mãe apertou e eu apertei em seguida. – Bom, o seu marido já foi encaminhado á um leito e passa bem. Ficamos alguns exames nele, incluindo uma biopsia pra saber se o tumor que seu marido tem é benigno ou maligno.

Depois disso minha mãe desandou a chorar. O medico explicou que tinha demorado a dar noticias porque estava esperando o resultado da tal biopsia e de uma ressonância. Ele nos tranquilizou dizendo que felizmente era benigno e que ele já podia ter se livrado disso há muito tempo se já tivesse tratado. Agora, ele vai precisar operar, e obviamente minha mãe chorou ainda mais. Falou um pouco da operação, que ele tinha um lado do pulmão completamente comprometido devido ao tempo que passou doente. Esse lado seria removido e minha mãe apertou minha mão quando ouviu isso. No final, ele disse que tínhamos que marcar a cirurgia para o mais breve possível e eu assenti, obviamente já iria marcar isso assim que amanhecesse. Também disse que podíamos ver meu pai e então nós os seguimos pelo longo corredor branco.

Entramos de mãos dadas e meu pai estava acordado. Ele sorriu pra gente.

- Veja se não são as mulheres da minha vida! – Falou fraco e nos fez sorrir.

- Como está se sentindo, pai? – Perguntei ao me aproximar.

- Em melhor forma impossível. – Riu. Bom humor sempre foi uma característica do meu pai.

- Eu vou marcar a operação do senhor pro mais rápido possível. – Ele arregalou os olhos.

- Minha filha...

- Não adianta pai, eu quero o senhor bem. – Sorri. O celular do Micael vibrou no meu bolso e eu o puxei pra atender. – Oi, amor. – Falei já sorrindo. Olhei meus pais e eles me encaravam.

- Como está ai? Já saíram os resultados? – Perguntou com a voz nervosa.

Eu sai do quarto pra conversar com mais privacidade, expliquei a Micael as condições do meu pai e ele ficou feliz por aquele tumor ser benigno. Conversamos por um tempinho e logo desligamos. Entrei no quarto e vi minha mãe fazendo cafuné em meu pai.

- Tá tudo bem com a minha neta? – Ele perguntou e eu assenti.

- Ele queria é saber novidades do senhor. – Sorri e ele pareceu surpreso. – Por mais que vocês não gostem dele, Micael é um amor.

- Aham, claro que é. – Minha mãe fez uma careta.

- Mãe eu estou com ele desde meus treze anos, eu já estou com vinte e cinco. Está na hora da senhora parar de implicar.

- Nem falei nada. – Levantou as mãos em sua defesa.

- Ele é meu marido e pai da minha filha, não quero brigar com vocês novamente por causa dele, porque já foi comprovado do lado de quem eu vou ficar né?

- É você que tá brigando. – Rolou os olhos. – Eu nem me manifestei.

- Eu só avisei. Não quero ter que escolher entre vocês e meu marido de novo. – Eu me senti mal quando acabei de falar, acabei me sentando no sofazinho que tinha ali.

- Está bem? – Minha mãe ficou de pé e veio pra perto de mim.

- Estou, foi uma tontura chata. – Dei de ombros.

- Devia aproveitar que estamos no hospital. – Colocou a mão em minha testa.

- Estou bem, mãe. – Ela assentiu. Senti o telefone de Micael vibrar novamente e o puxei. Li no visor o nome de Jéssica e fiz uma careta. Respirei fundo antes de atender.

-Oi, Jéssica. – Tentei fazer a voz mais amigável que podia.

- Sophia... – A voz dela era baixa e monótona, como se tivesse acabado de acordar ou como se estivesse chorando.

- O que aconteceu? – Minha voz atingiu um tom de preocupação. A mulher do outro lado da linha começou a chorar e eu já imaginava o que tinha acontecido. – Jéssica, onde você está?

- Eu estou no hospital. – Disse com alguma dificuldade por causa dos soluços. – Micael está perto?

- Não, Micael está em casa, deixou o celular comigo. – Me levantei bruscamente. – O que aconteceu, Jessica? Por que está em um hospital?

- Meu bebê... – Ela falou e eu por instinto coloquei uma mão em minha barriga. – Eu perdi meu bebê de novo... – Meus olhos encheram de lagrimas. Por mais que eu quisesse que o Micael tivesse um filho com outra mulher, aquela criança não tinha culpa de nada.

- Está em que hospital, vou ligar pro Micael te encontrar! – Enquanto ela falava, ouvi minha mãe bufar.

- Eu estou no mesmo hospital, me passa o numero do quarto que estou indo ai. – Ela me passou e eu desliguei o telefone, já me aprumando pra ir até lá.

- O que aconteceu filha? – Minha mãe parecia preocupada.

- A Jéssica perdeu o bebê... – Falei um pouco triste.

- Ela estava gravida? – Perguntou assuntada. - Seu marido engravidou outra mulher?!

- Era marido dela na época. – Respondi grossa. Peguei o celular e já estava discando o numero do meu. – Vou lá e já volto. – Ela assentiu. Micael atendeu no segundo toque.

- OI, amor.

- Preciso que você volte aqui no hospital...

- O que aconteceu? – Sua voz assumiu um tom preocupado.

- A Jéssica está aqui... – Eu disse e ele imediatamente entendeu o que tinha acontecido.

- Como ela está? – Seu tom era triste e isso partiu ainda mais meu coração.

- Estou indo ver ela agora, não sei bem. Liga pra Lua e deixa a Laura com ela.

- Tá bom, eu te amo. – Desligamos e eu estava parada em frente a porta de Jéssica, suspirei antes de entrar. Tinha uma mulher mais velha junto com ela, a mulher tinha o cabelo vermelho e a expressão facial triste e preocupada. Presumi que fosse a mãe da Jéssica. Fiquei um pouco sem graça.

- Oi, como está? – Eu me aproximei e segurei sua mão. Olhei por um momento pra outra mulher e a cumprimentei.

- Oi, estou bem…

- Não precisa se fingir de forte, era o seu bebê.

- Eu não sou forte, isso já aconteceu tantas vezes que eu nem lembro quantas... Só que dessa vez eu achei que fosse dar certo. – Ela chorava tanto que eu já estava chorando junto.

- Filha, quando você tiver o seu marido, tudo vai dar certo. – Senti que aquela senhora estava me alfinetando.

- Isso não é hora mãe! – Jéssica a repreendeu e eu suspirei. – Avisou ao Micael?

- Sim, falei pra ele deixar a Laura com a madrinha e vir pra cá. – Ela sorriu em meio á lagrimas.

- Ele não deve nem ter ficado surpreso. – Disse dando de ombros.

- Não fica assim!

- É que eu queria tanto ser mãe, deve ser uma coisa tão maravilhosa. – Eu coloquei novamente as mãos na minha barriga

- E é, você vai sentir e adorar cada momento. – Sorri pra ela.

- Você está com cara de gravida! – Ela falou e eu arregalei os olhos. – Redondinha.

- Não brinca com isso! Tenho mil campanhas pra fazer. – Eu falei horrorizada e ela então riu.

- Ei, eu só disse que tá com a cara redonda.

- Nem sei mais cuidar de um bebê… – Tirei as mãos da barriga.

- Dizem que é como andar de bicicleta, você nunca esquece. – Bom, pelo menos ela agora estava rindo. EU não sou amiga dela, mas é logico que sinto uma simpatia.

- É só impressão sua. – Eu sorri nervosa. Ficamos batendo um papo descontraído até Micael chegar. Ele demorou bastando, mas sorri aliviada quando eu o vi.

- Oi, Soph. – Me deu um abraço e logo chegou mais perto da cama. – Como você está? – Ele perguntou e ignorou a presença da ex sogra, o que me fez ficar curiosa pra saber se eles tinham uma boa relação.

- Estou do jeito de sempre. – Ela deu de ombros. Eu sabia que logo, logo iria recomeçar a chorar. – Não é como se eu tivesse ficado surpresa.

- Eu sei que é difícil, mas você vai superar dessa vez também. – Segurou sua mão e eu fiquei com uma pontada de ciúme, mas logico que não disse nada.

- Parece que toda vez que eu conto pra você, acontece isso! – Disse um pouco irritada.

- Jéssica, aconteceu isso porque era pra acontecer. Não é culpa de ninguém.

- Eu sei... – Abaixou a cabeça e eu vi as lagrimas surgirem.

- Você vai encontrar um cara que valha a pena e que não seja tão emocionalmente enrolado que nem eu fui, vocês vão construir uma linda família.

- Isso é você que está dizendo... – Ela secou as lagrimas.

- Jéssica, você tem vinte e quatro anos, não é o fim do mundo. – Sorriu pra ela. – Vai dar tudo certo.

--------------------------
Pessoal, minhas aulas voltaram essa semana e eu tenho que avisar a vocês que provavelmente não vai mais ter capítulo novo todos os dias. Vou tentar ao máximo que eu puder, mas ainda assim é complicado. Espero que entendam.