Amor Demais - Capítulo 92

- Acredito que isso não interesse a você. – Disse grossa e eu rebati na hora.

- Se não interessasse eu não estaria perguntando.

- Olha só, você chegou do nada e acabou com o casamento da minha filha, quer mesmo bancar a amiga? – Colocou as mãos na cintura e eu rebati.

- A senhora sabe que o Micael sempre foi meu marido né? – Disse com ironia.

- Vocês tinham terminado, não tinha direito nenhum de estragar a vida da minha família.

- Olha só, você acha que o Micael era obrigado a ficar com a sua filha mesmo me amando?

- Acho que se você não tivesse aparecido, eles não tinham separado. Ninguém estava sentindo sua falta. Nem seu "marido" – Gesticulou com os dedos – Nem a sua filha.

- Você não é ninguém pra falar da minha filha. – Disse com raiva e ela sorriu.

- Filha essa que chama a minha filha de mãe e a mim de vovó. – Disse raivosa.

- Você não sabe o que esta falando. – Sussurrei.

- Você tinha que ter ficado no inferno onde estava. – Antes de eu responder a mulher na recepção a chamou. Eu estava um pouco desnorteada, muitos pensamos, tive uma tontura e lembrei que não tinha comido nada decente. Eu sei que eu estava caindo quando um homem que estava atrás me amparou.

- Ei, você está bem? – Ele perguntou abanando meu rosto com as mãos.

- Eu tô um pouco tonta. – Coloquei as mãos na cabeça e respirei fundo.

- Quer que eu chame alguém? Moça, como você se chama? – Eu sabia que tinha atraído bastante atenção indesejada e que inclusive aquela mulher nojenta estava me olhando.

- Sophia, me chamo Sophia. – Disse ainda fraca. – Precisa chamar ninguém não, eu estou bem.

- Sophia, tem certeza? – Eu levantei a cabeça e me escorei na cadeira.

- Sim, eu tenho. – Ele assentiu e voltou ao seu lugar na filha. Felizmente eu logo melhorei, mas permaneci sentada. As pessoas que tinham me visto passar mal sabiam que eu estava na fila e assim que a mãe de Jéssica saiu eu me levantei e fui até lá.

A operação do meu pai foi marcada pra depois de amanhã, foi o mais rápido que consegui e não estava reclamando. Voltei para o quarto andando devagar e minha mãe se espantou quando me viu.

- O que te aconteceu, você está pálida. – Chegou perto de mim e me puxou para o pequeno sofá.

- Eu não comi direito hoje, tive uma pequena tontura. – Respondi dando de ombros. – Ele está dormindo?

- Sophia, pelo amor de Deus, você tem que se alimentar. Já estou preocupada com seu pai, com você também complica. – Respirou fundo. – Sim, ele está dormindo.

- Eu vou me alimentar, mãe. Eu só estou com medo de ser outra coisa.

- Que coisa? – Perguntou curiosa e eu decidi mudar de assunto.

- Consegui marcar a cirurgia pra depois de amanhã. – Sorri.

- Que ótimo, mas não me engane mocinha, o que acha que pode ser? – Logico que ela não desistiria rápido, eu não desistiria.

- Acho que talvez eu possa estar gravida... – Falei de cabeça baixa.

- Sophia, isso é ótimo.

- Ótimo mãe? – Ergui uma sobrancelha. – Micael acabou de perder um bebê, eu tenho uma montoeira de campanhas e a nem consegui conquistar a Laura por inteiro ainda.

- Sophia, Micael é um homem formado, trabalha e vai ficar super feliz se essa noticia for verdade. E quanto ao seu trabalho, bom, você vai se afastar por um tempo e depois vai voltar, como fez quando foi a Laura.

- Não sei se o Micael ficaria feliz...

- Claro que ficaria. Ele ama você, é a família de vocês aumentando. Não precisa ficar paranoica.

- Senti tanta falta sua...

- Eu sei, minha menina, mas saiba que se isso acontecer agora, estarei aqui pra te ajudar.

- Acho que vou aproveitar que estou aqui e fazer um exame de sangue... – Disse com medo e ela assentiu.

- Isso, melhor acabar com essa angustia. – Me levantei. – E eu vou com você, aproveitar que seu pai está dormindo.

- Vamos então.

Nós saímos do quarto e minha mãe agilizou tudo para o exame. Uns vinte minutos depois uma enfermeira já estava tirando meu sangue e me dizendo que o resultado sairia em mais ou menos uma hora. Nós saímos e minha mãe me puxou pra lanchonete.

- Tendo meu netinho ou não, acho que precisa comer. – Falou enquanto eu olhava o cardápio.

- Não estou com fome. – Fiz careta. Meu celular tocou e eu sorri ao ver o nome de Micael na tela. – Oi, amor! – Minha mãe rolou os olhos.